domingo, 21 de abril de 2013

Valpapenas

[H]amontoadamente cidade é desenhada em meio aos morros e cores. Nesse lugar azul na parede, no céu e no mar, a vida nos convida: Ande! Sem ônibus, sem metrô, sem agências turística. Pelas ruas, pelas cores, entre cheiros e comidas. Ultimamente - já tendo voltado há muito -tenho teimado a subir e descer; meus pensamentos sobram e destilam muitas impressões, saudades e sabores; a cidade me capturou fiquei refém de suas cores, de seu mar, e de seus morros. Insisto ficar em frente à loja da chaleira vermelha e não saio de lá. Não sei o que me leva até lá di-a-ri-a-men-te. Talvez a fuga, talvez o ímpeto. Aposto que são os sapatos vermelhos e azuis resgatando a memória da lua sobre o oceano ou os sapatos quentes-baratos. Às visitas aos brechós, ou à clara de ovo cozida na sopa. Os pelicanos dando um ar cada vez mais sujo e inevitavelmente mais distante de casa. Do luxo ao lixo, cores, casas, pinturas, esmaltes, figuras, hostelpatrícia e a falta de açúcar. Tudo junto em um só lugar que não se explica e qualquer descrição cometerá o erro de reduzi-lo às fotos de memória.




segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

4 doses e um chocolate


A cama como leito e ambiente de despudor, novamente
E o desejo aumentado, estuporado, beijado a acariciado
A entrega e a pergunta em português “QUÉ”?

sábado, 28 de janeiro de 2012

domingo, 15 de janeiro de 2012

"depende do que é o poema"

queria ser flecha e flertar com o ar
descompromissados seríamos e amantes eternos
com destino certo acertaria algum alvo
carne osso ou madeira
pluma espuma ou balde
menina rapaz e boi

ser bandeira e hastear símbolo
ter em cores algum significado e tremular
indicar países e ser brasão
ser tudo pra uns e nada pra alguns

marfim em elefante
presa e presa
ser cassado e moldado
aniquilado e desejado
enfeitar pescoços e ser estátua

ser presilha de senhora
acompanhar histórias e anos a fio
prender fios
aprender com as rugas e lidas
estar no alto e não ser importante

por fim ser bicho gente
ter medos e temer
tremer e querer entender
pra que tamanha confusão
em tão minúsculo grão

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

domingo, 1 de maio de 2011

Dia normal, sentimentos normais, batidas normais, acontecimentos corriqueiros...
O cair da tarde, visto da janela de um ônibus foi graciosamente estranho, talvez triste, sem necessariamente causar tristeza. Era como um daqueles dias que despertam o lado criativo das pessoas, daqueles em que escritores e compositores vêm à tona com a sua arte, puxados pela força da inspiração.
Era cinza, sem forma, sem calor, mas estava tudo tão fascinante, dividindo com uma simetria singular, a razão da insanidade; o escuro do claro; o doente do são. O claro era tão tangível, tão próximo, talvez pudesse tocá-lo com um simples estender das mãos, mas o conforto obsceno do cinza me fazia poupar o esforço.
Visivelmente era um dia comum. As pessoas estavam lá, mas não estavam vivas ou conscientes, estavam apenas encaixadas na paisagem, como engrenagens que garantem o funcionamento de uma máquina qualquer.
Emprestadas ao ambiente.
Coadjuvantes.
 Não, isso não, pois essa descrição as torna ativas demais. Talvez descrevê-las como figurantes seja capaz de mostrar tamanha apatia que elas representavam. Mentes frias, corações vazios.
Talvez em outro momento isso fosse triste, agonizante, deprimente. Não hoje. Hoje, foi o oposto de tudo isso, sentimentos estranhos aflorados em um dia normal.
Engana-se quem disse que a monotonia nada tem de belo ou avassalador.
Registro aqui, 25/04/2011 talvez algum dia a sensação volte ao meu corpo, à minha mente e me faça lembrar.

Hugo Luz